Manifesto 25 de novembro 2023 (Viseu)
Desde 1999 que o dia 25 de novembro se declara como o “Dia Internacional pela Eliminação de Todas as Formas de Violência Contra as Mulheres”. Este é também um dia de luto, de luta, de resistência, de combate a opressões que se prendem com o género, situação social e económica, etnia, nacionalidade, orientação sexual, identidade de género e idade que, por vezes, recaem sobre as mulheres de forma múltipla.
Em todo o mundo, todos os dias, milhares de mulheres e raparigas são vítimas de algum tipo de violência e de violações reiteradas dos seus direitos humanos, que são particularmente graves em contexto de conflitos armados, como é o caso de homicídios, violações e prisões de mulheres palestinianas em Gaza e na Cisjordânia.
Em Portugal, apesar da luta e do empenho de associações, ativistas, alguns partidos políticos, e de medidas governamentais que alertam e sensibilizam para o flagelo da da violência de género, continuamos a deparar-nos todos os anos com números assustadores de mulheres vítimas de violência física ou psicológica, sendo que muitas morrem às mãos dos seus companheiros, ex-companheiros, maridos, ex-maridos, namorados, ex-namorados e outros agressores.
Até ao terceiro trimestre deste ano ocorreram 18 homicídios associados ao género. Embora não tenham resultado na morte das vítimas, são, também, inúmeros os casos de atentados à integridade física ou psicológica. Até ao terceiro trimestre de 2023 as Polícias receberam 23306 queixas, o valor mais alto dos últimos três anos, o que corresponde a 85 casos diários. Estavam em casas-abrigo 740 mulheres.
As relações abusivas de opressão diária, que ocorrem nos crimes de violência doméstica, violação e outras agressões sexuais, os casamentos forçados, a mutilação genital, o assédio sexual, o assédio moral em contexto laboral, a violência obstétrica e outros, continuam a ser desvalorizadas, normalizadas e até legitimadas por uma sociedade estruturalmente sexista e patriarcal.
Em 2023, voltamos a marcar presença, a ocupar a rua, a lutar, a dar voz a todas as mulheres que vivem silenciadas e às que nunca mais poderão sair desse silêncio.
Erguemos as nossas vozes bem altas e em uníssono:
– Pelo fim das mortes resultantes de violência praticada nas relações de intimidade;
– Pelo fim da tortura e violência letal misógina de mulheres;
– Pelo fim das mortes de mulheres e raparigas em nome da “honra”;
– Pelo fim da violência contra mulheres e raparigas no contexto de conflitos armados;
– Pelo fim da eliminação de mulheres por causa do dote;
– Pelo fim da violência sobre mulheres e raparigas por causa da sua orientação sexual e identidade de género;
– Pelo fim do infanticídio feminino e feticídio por seleção sexual baseada no género;
– Pelo fim do assédio moral e sexual em contexto laboral;
– Pelo fim das práticas que constituem violência obstétrica;
– Pelo fim de TODAS AS FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES!
O combate à violência de género, é uma responsabilidade de todas as pessoas e convoca-nos à tolerância zero, face a atitudes machistas e misógenas que se manifestam não só através da morte, mas também, de outras agressões nas mais variadas situações do quotidiano das mulheres.
Neste 25 de Novembro, à semelhança dos anos anteriores, a Plataforma Já Marchavas sai à rua contra uma sociedade estruturalmente machista, sexista, racista, homofóbica, transfóbica e patriarcal, lembrando que esta luta é interseccional e não pode conhecer tréguas.