6.ª Marcha de Viseu Pelos Direitos LGBTQIA+
12 de outubro de 2024
A Plataforma Já Marchavas tem o prazer de anunciar que a 6.ª Marcha de Viseu Pelos Direitos LGBTQIA+ se realiza a 14 de outubro de 2023. São seis anos a ocupar o espaço público de Viseu, seis anos de luta contra o conservadorismo e a extrema-direita, seis anos de ativismo interseccional, seis anos onde nem a pandemia retirou da rua a marcha, seis anos a dar visibilidade e voz às comunidades LGBTQIA+ do interior.
Dezoito anos depois do STOP Homofobia (2005), a cidade conservadora começa a dar os primeiros sinais de mudança, no entanto vivemos num vasto distrito, com diferentes níveis de desigualdade, onde a sociedade civil precisa de acordar para a necessária igualdade e equidade entre todas as pessoas. Ainda muito está por fazer nas escolas, nos municípios, no acesso à habitação, a cuidados de saúde e ao tratamento igual no local de trabalho. Ainda há muito a fazer no combate às ideias fascizantes que populam na boca da extrema-direita populista.
Dos 49 anos da Revolução de Abril aos 18 anos do STOP Homofobia, a Marcha de Viseu continuará a fazer este caminho de luta através da memória histórica, pois sem ela não há futuro.
A sexta marcha de Viseu continuará a manter o espírito interseccional de origem da Plataforma: feminista, LGBTQIA+, ecologista, antifascista, antirracista, democrática, inclusiva e participativa.
Marchamos a 14 de outubro, ocupando as ruas de Viseu.
Consulta o programa da marcha, assim como a manifestação cultural.
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Manifesto: “Pela justiça interseccional, contra a opressão estrutural”
Esta é a 6.ª edição da Marcha de Viseu pelos Direitos LGBTQIA+. Seis anos que, desde a primeira edição em outubro de 2018, um conjunto de cidadãs e cidadãos de Viseu, coletivos unidos na defesa de direitos Humanos e Animais e de causas Ambientais se organizam na luta pela diversidade, liberdade e autodeterminação individual de todas as pessoas. Há seis anos que, em Viseu, através de diferentes iniciativas, manifestações, concentrações, reuniões, conversas e festas, se faz a luta pelos direitos LGBTQIA+. Há seis anos que nesta cidade, considerada outrora a capital da homofobia, se celebra o orgulho LGBTQIA+.
Sim, para os mais céticos, a respeito da celebração do orgulho LGBTQIA+, existem mais que razões para o continuarmos a celebrar. Razões para nos reunirmos em coletivo e relembrarmos, partilharmos e celebrarmos as nossas múltiplas experiências, desafios e conquistas contra o estigma da orientação sexual, da identidade de género, dos corpos “falhados” ou “monstruosos” que continuam a ser patologizados, encarcerados, mercantilizados e invisibilizados pela lógica reprodutora do hétero-patriarcado. Reunidos, compreendemos a importância de ocupar o nosso lugar de fala, a importância da diversidade das nossas diferenças para visibilizar a interseccionalidade das formas de assédio que continuam a atentar as diferentes esferas da nossas vidas.
Mas também existem razões para continuarmos a lutar. Do trabalho à habitação, da saúde à educação, o caminho para a igualdade mostra tardar a cumprir-se. Tarda cumprir-se, ainda, nas escolas, espaços de excelência para o desenvolvimento individual e intelectual que revelam os altos índices de insegurança e violência física de jovens LGBTQIA+, na saúde, na garantia de todos os cuidados médicos e terapêuticos necessários para a garantia da integridade física e psicológica de todas as pessoas, no acesso ao mercado de trabalho regulado e carreira profissional sem correr o risco de um coming out forçado, no acesso à habitação, mostrando a comunidade LGBTQIA+ continuar a estar mais vulnerável a situações sem abrigo. Estes são só alguns dos inúmeros obstáculos que pessoas LGBTQIA+ têm de enfrentar todos os dias. Todos os dias se debruçam com as mesmas dificuldades, com a hostilidade de uma sociedade que as tenta invisibilizar, mas ainda assim continua a erguer e lutar. Não será esta uma boa razão para celebrar?
Neste ano, em Portugal, ocorreram três eventos que hoje achamos pertinente destacar: os protestos “transfake” de Keyla Brasil e Dusty Whistles no Teatro São Luiz em Lisboa; os ataques da “ideologia de género” nas escolas por Rita Matias, deputadada extrema-direita no Parlamento; e por último, a manifestação «Não há orgulho no apartheid!» contra o pinkwashing colonial israelita que continua a explorar, matar e oprimir as pessoas LGBTQIA+ palestinianas.
Keyla Brasil e Dusty Whistles, duas mulheres trans migrantes a residir em Portugal, mostraram no início deste ano a invisibilidade e consecutiva exclusão de trabalhadores trans nos meios culturais através da apropriação de papéis trans. Uma prática que acontece não só nos meios culturais mas em tantas outras esferas do mercado de trabalho, do meio académico e educacional. As manifestações Transfake, ainda que noticiadas pelos meios de comunicação social, deram conta das formas de injustiça epistémica e abuso de poder que pessoas Trans e Queer continuam a ser sujeitas, ridicularizadas, silenciadas e excluídas do meios institucionais e públicos, nomeadamente o laboral.
Não são de agora os discursos LGBTQIA+ fóbicos em torno da “ideologia de género” nas escolas, da “doutrinação” e “hipersexualização” das crianças através da cidadania de género e educação sexual assim como da contestação de casas de banho mistas ou uso destes espaços públicos por pessoas trans. A deputada da extrema-direita, Rita Matias, intitulando-se de “antifeminista”, deu voz ao partido no Parlamento sobre esta matéria. Em Abril do ano passado, Rita Matias afirmava que se o seu partido formasse governo em Portugal, todas as leis produzidas em torno da igualdade e não discriminação da identidade e/ou expressão de género, orientação sexual e características sexuais seriam revertidas. Outro caso que marcou o ano foi o assalto de um grupo de manifestantes conservador da extrema-direita a uma apresentação de um livro infanto-juvenil, o primeiro a ser escrito em linguagem neutra de género dentro da temática Queer. Condenamos qualquer ato de censura contra a liberdade de expressão e qualquer ato de intimidação e/ou silenciamento desta ou de outra temática que visam a promoção da liberdade, inclusão e diversidade. É por isso premente a luta antifascista e devemos estar vigilantes a este vírus.
A apropriação dos movimentos LGBTQIA+ para promover uma organização, partido ou Estado, escondendo preconceitos, más intenções ou crimes, o “pinkwashing” é outra das questões que mostram estar em cima da mesa na luta ativista em Portugal. A 8 de junho deste ano, em Lisboa, um conjunto de coletivos e marchas LGBTQIA+ de todo o país mostrava o seu repúdio contra a organização de um evento de orgulho LGBTQIA+ organizado pela Embaixada de Israel num icónico bar LGBTQIA+ de Lisboa. Condenamos o pinkwashing praticado pelo Estado de Israel e a sua perseguição a pessoas LGBTQIA+ palestinianas, porque a luta de libertação Queer não é senão o reflexo da luta pelos direitos humanos. Condenamos também a estratégia neoliberal de aproveitamento e esvaziamento político dos movimentos sociais que repercute em debandada nas grandes capitais internacionais.
Estes são apenas alguns dos episódios sobre a luta e orgulho LGBTQIA+ que resgatamos da memória de 2023, porém, muitos outros ficarão por lembrar.
Para finalizar, não esquecemos da contínua resistência e tentativa de invisibilização dos municípios portugueses, em particular do município de Viseu, à promoção da diversidade e integridade das suas gentes. Ao longo dos últimos seis anos foram várias as tentativas de contacto e colaboração com o município de Viseu de forma a criar sinergias que beneficiassem a comunidade em torno de questões de igualdade e não discriminação. Os encontros com o atual executivo municipal aconteceram, as promessas à construção de instrumentos de política local que garantam a proteção, segurança e defesa dos direitos de pessoas LGBTQIA+ também, no entanto, chegamos quase ao final de mais um ano e está tudo por cumprir. A CMV persiste em ter uma postura conservadora, sem querer dialogar e ouvir as reivindicações das pessoas LGBTQIA+. A política autárquica deve ser, entre muitas coisas, também um espaço que promova a igualdade e diversidade dos seus munícipes. Este ano, celebramos também os poetas viseenses Judith Teixeira e Luís Miguel Nava. O reconhecimento das suas vidas e obras no contexto cultural e literário português é premente para a desconstrução de tabus em torno da criação artística e literária Queer.
Aqui, no interior, os desafios são múltiplos. O isolamento geográfico traz dificuldades acrescidas convidando a quem aqui vive à emigração. O acesso a serviços públicos gratuitos são dificultados por uma lógica neoliberal extrativista que impossibilita as pessoas de viverem a cidade. O preço das casas e dos quartos para estudantes duplicaram para os 52%. Junto aos preços da habitação a inflação do preço da alimentação leva a que cada vez mais famílias não consigam esticar os seus salários até ao final do mês. As taxas de desemprego no país, ainda que caindo, mostram ser das mais altas da Zona Euro e das taxas de desemprego jovem mais altas da OCDE. Tudo isto nos leva a crer que este país não é para nós. Mas é! É na crença do nosso potencial transformador que lutamos contra a opressão estrutural pela justiça interseccional.
Marchamos por isso pela necessidade de uma justiça interseccional, que seja inclusiva e que reconheça e lute contra as múltiplas formas de violência e opressão que as pessoas LGBTQIA+ enfrentam, pelas suas identidades e expressões de género e características sexuais. A luta contra esta opressão estrutural deve ser feita de variadas formas, sendo uma delas as ações de rua da luta cidadã, com marchas politizadas. E a marcha de Viseu é uma marcha política. A força transformadora das marchas tem vindo a ocupar as ruas em Portugal, desde 2000, agora com 27 cidades, que lutam com consciência e resistência pela liberdade e igualdade.
A luta LGBTQIA+ não é só a luta dos Queer, das pessoas Trans, Não-Bináries, Intersexo, Arromânticas, Bi, Lésbicas e Homossexuais, é sim, a luta por uma sociedade livre de preconceitos onde toda a gente possa viver com dignidade contribuindo significativamente para a sociedade.
“Pela justiça interseccional, contra a opressão estrutural” é o mote da 6.ª Marcha de Viseu Pelos Direitos LGBTQIA+, que se realiza a 14 de outubro.
Continuamos assistir a um crescendo do conservadorismo e da extrema-direita em Portugal, na Europa e no Mundo, com um programa e narrativas que alimentam a discriminação, o discurso de ódio e que viola os direitos humanos, em múltiplas formas. As pessoas sofrem diferentes formas de opressão e discriminação que se reforçam, como o racismo, o sexismo, o capacitismo, a orientação e características sexuais, entre outras. Esta opressão é estrutural, é imposta por um sistema que ignora, invisibiliza, hierarquiza e mercantiliza as diferenças, criando narrativas que criam estigma e medo. Vivemos ainda num sistema que cria diferentes níveis de desigualdade, em que a sociedade civil precisa de valorizar e respeitar a diversidade entre todas as pessoas.
Ainda muito está por fazer nas escolas, nos municípios, no acesso à habitação, a cuidados de saúde e ao tratamento igual no local de trabalho. Ainda há muito a fazer no combate às ideias fascizantes que se criam na boca da extrema-direita populista.
Lutamos por isso contra as várias formas de opressão e de exploração.
Marchamos pela necessidade de uma justiça interseccional, que seja inclusiva e que reconheça e lute contra as múltiplas formas de violência e opressão que as pessoas LGBTQIA+ enfrentam, pelas suas identidades e expressões de género e características sexuais.
A luta contra esta opressão estrutural deve ser feita de variadas formas, sendo uma delas as ações de rua da luta cidadã, com marchas politizadas. E a marcha de Viseu é uma marcha política.
A força transformadora das marchas tem vindo a ocupar as ruas em Portugal, desde 2000, agora em 27 cidades, que lutam com consciência e resistência pela liberdade e igualdade.
Dia 14 de outubro, em Viseu, celebramos as conquistas legais na sociedade portuguesa para com pessoas LGBTQIA+, (re)afirmamos a nossa existência e exigimos respeito pelas nossas vidas, que continuam a ser postas em causa todos os dias.
14 de outubro.
MARCHA
15h30 – Concentração no Parque Aquilino Ribeiro e microfone aberto às organizações
Chegada ao Parque de Merendas do Fontelo – Leitura do Manifesto
MANIFESTAÇÃO CULTURAL
21h30 – Abertura de portas do Carmo 81
02h00 – Fim
COLETIVOS
(A)MAR-Açores pela diversidade (projeto da APF-Açores)
Associação Juvenil Visiunarte
Ardemente Associação Artística
beSafe
Bloco de Esquerda
Chão das Lutas – Associação Pelo Direito À Habitação
Covilhã a Marchar
Dezanove.pt
Guimarães LGBTQIA+
Grupo Performativo Re:Star’t
Headbangers Antifascistas
IL MONSTRO
Juventude Socialista Concelhia Viseu
Lisbon Gay Circuit
Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto
Movimento Virgínia Moura
Nostalgia.Mixtape
Núcleo Antifascista de Guimarães
Olho Vivo – Núcleo de Viseu
Opus Diversidades
PAN Viseu
Rede 8 Março
SintraFriendly – Colectivo Juvenil LGBTIQA+ de Sintra e Apoiantes
SOS Racismo
The revolution will not happen in your screen
UMAR
INDIVIDUAIS
Célia Rodrigues
Tiago Resende
Beatriz Realinho
Carolina Gomes
Fabíola Cardoso
Jules
Marina Teodoro Romana
Lúcia Vilhena
Maria Santo
Patricia Marques Cardoso Coutinho
Manuela Antunes
Mor Matos
Ismael Sousa
João Carvalho
Carla Gomes
Gabriela Barroso
Bruna
Mariana Carneiro
Sílvia Meneses
Beatriz Dias
Carlos Couto
Raul Coutinho
Helder Bértolo
Daniela Dias
António Manuel Braga da Silva
Nuno Carvalho
José Borges
Beatriz Silva
Mauro Bastos
João Morgado
Rui Queridinha
António Dionísio
Ana Isabel Maia
Micahel de Almeida
Cecilia Cardoso
Lurdes Martins
David
Carolina Aguiar
Andrielly Santos
Filipa Dias
Diniz Sanchez
Mariana Silva
Catarina Taborda
Ricardo Falcato
Daniel Santos Morais
Maria Goreti Pereira da Rocha
Felipe Moreira Silva
Manoela Maximiano Campos Cardoso
Daniela Carvalho
Pedro de Aires
Eduardo Figueiredo
Lara Marinho
Dany Ferreira
Filipe Gaspar
Joana R.S. Lima
Marco Martins
Jovana Paixão
Mélany Mendes
Joana Moita
João Carvalho
Tânia Santos
Marina Teodoro Romana
A Marcha não acaba na rua. Continua no Carmo 81, de noite. A revolução acontece dia 14 de outubro (sábado), no Carmo 81, pelas 21h30 (abertura de portas). A entrada é livre e o espírito é de luta!
NOSTALGIA.MIXTAPE – @nostalgia.mixtape
Criado em Viseu, em julho de 2023, a nostalgia.mixtape nasce para contribuir e revolucionar a típica saída à noite, com novas propostas de som, de imagem, de atividades e com uma missão – proporcionar uma noite segura, inclusiva e divertida a qualquer pessoa. Desde aí, temos colaborado com diversos bares de Viseu, que tão bem nos deixam espalhar a magia da nostalgia. Essa magia baseia-se e carrega grandes inspirações dos anos 90 e 2000s, e por isso, nesta festa só vais encontrar música POP/HIP HOP/R&B. Queremos acima de tudo estabelecer conexões com o nosso público e criar uma comunidade onde se possa festejar, sempre com base no respeito e empatia pelo outro! Todos os meses trocamos a cassete e trazemos-te uma festa diferente. Do que estás à espera para participar nesta?
SLR – @slrtheband
Uma banda com uma sonoridade Pop eletrónica e um toque R&B melancólico. O duo é composto por Bruno Moreira e Luís Água, ambos do norte do país e com um percurso na música, no audiovisual e no ativismo LGBTI+. Iniciaram o seu percurso em 2018 com a single If you leave me, que captou a atenção dos media nacionais e internacionais. Em 2020 reforçam a sua presença na nova sonoridade da Pop eletrónica nacional com o lançamento de 3 novos temas, dos quais se destaca Gold, pela sua mensagem e pelo vídeo que retrata a narrativa de um casal homossexual sem medo de mostrar paixão carnal entre dois homens (com mais de 14mil visualizações só no YouTube). Voltam em 2022 com o EP de estreia Losing, de onde podemos destacar o tema Finally, no qual os SLR celebram a liberdade de poder dizer que fazem parte da comunidade LGBTI+. Este tema foi a música oficial da marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto em 2022 sendo o tema do anúncio e da campanha social lançada pela marcha nesse mesmo ano.
RAMEN RAVE – @aikkyy
Nas profundezas do mundo sonoro, surge uma figura magnética que transcende os limites do convencional. Designer de dia, DJ de noite, e apaixonada por música desde sempre, Ramen Rave eleva cada DJ set a um novo patamar, transportando o público para uma jornada inesquecível. Explorando os estilos vibrantes do pop, dance, R&B, hip hop e latin, Ramen Rave tece um universo sonoro cativante, onde as batidas contagiantes e as melodias sedutoras se unem em perfeita harmonia. A sua presença nos palcos é magnética, hipnotizando todos os que se cruzam no seu caminho e transformando a pista de dança num mar de energia contagiante. Das pistas mais underground aos festivais de renome, Ramen Rave deixa a sua marca por todos os lugares onde passa. O seu nome é sussurrado e a sua reputação cresce como uma lenda urbana.