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Travar os efeitos do discurso de ódio nas escolas, é urgente!

Um menino brasileiro de nove anos sofreu uma grave agressão, no passado dia 10 de novembro, dentro da Escola Básica de Fonte Coberta, em Cinfães, distrito de Viseu, na sequência de uma agressão feita por colegas, que já tinham sido acusados de bullying ao aluno. Duas crianças fecharam a porta nos dedos do menino quando ele foi à casa de banho, impedindo-o de sair e pedir ajuda.

O menino de 9 anos foi submetido a três horas de cirurgia no Hospital de São João, no Porto, e irá ficar “com sequelas físicas e psicológicas”, afirmou, pedindo ajuda jurídica para enfrentar o momento que está a viver.

O bullying e a xenofobia na infância representam uma sociedade doente. Os efeitos devastadores do ocorrido de hoje, marcarão para sempre a vida desta vítima, com o agravante de ter reduzido as suas capacidades físicas, como a inimaginável perda de dedos do aluno.

De acordo com a mãe Nivia Estevam, o episódio de segunda-feira aconteceu depois de já ter feito outras queixas relativas a “puxões de cabelo, pontapés e enforcamento”, sendo que “nenhuma atitude foi tomada pela escola”, que considerou estes casos como uma “brincadeira”.

Infelizmente este caso não é único. Têm-se multiplicado em todo o país casos de bullying, muitas vezes sob a forma de agressões, que têm como alvos preferenciais crianças migrantes e racializadas. A violência contra pessoas e comunidades estrangeiras, aliás, tem se manifestado de diversas formas. Recentemente, a extrema-direita expôs o nome de crianças durante o debate sobre a lei de migração, instrumentalizando-as de maneira vil e repugnante. Atitudes como essa legitimam, na esfera pública, atos violentos que devem ser combatidos.

Situações como estas, exigem uma resposta por parte das instituições, no sentido de responder com celeridade às denúncias de violência nas escolas e reforçar a educação para a cidadania, com particular ênfase no desenvolvimento da empatia, do antirracismo e anti xenofobia.

É fundamental que toda a comunidade: pais, educadores e estudantes, estejam cientes de que é necessário trabalharem juntos para erradicar o bullying e a xenofobia das escolas. Portugal, como país signatário da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) tem o dever de proteger a infância e todas as crianças que aqui estejam, sem distinção.

Solidarizamo-nos com esta família e todas as outras que não se sentem apoiadas, quando as suas crianças são alvo de violência xenófoba e racista, e alertamos para a necessidade de combater os efeitos do discurso de ódio nas escolas, através de medidas concretas no âmbito da resposta a situações de violência, da formação dos profissionais de educação e da implementação do currículo.

comunicado conjunto:
Plataforma Já Marchavas
Queer Tropical
SOS Racismo

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