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8M: Unidas somos um só corpo

08 de março de 2025

Sob o mote “Unidas somos um só corpo”, um corpo físico, social e político, a Plataforma Já Marchavas convoca uma manifestação feminista no dia 8 de março, às 17h30, no Mercado 2 de Maio, em Viseu.

“O reconhecimento dos corpos da mulher, físico e político é necessário para a nossa libertação, identidade e legitimação enquanto seres humanos plenamente capazes e dotados de direitos sem distinção. Somos um só corpo unido e aqui e em qualquer lugar reunido.”

Este ano, evocaremos também os 50 anos da manifestação do Movimento de Libertação das Mulheres, protesto que ocorreu a 13 de janeiro de 1975.

Para além da ação de rua, convocamos à participação de uma conversa com a ativista palestiniana Shahd Wadi no Bar 4You, a partir das 15h. À noite, a partir das 22h, no mesmo espaço, celebramos as conquistas feministas ao som de Ramen Rave.

 

Manifesto 8M 2025 – Unidas somos um só corpo

Mais uma vez, aqui.

Nós somos muitas e não somos fracas. Muitas vezes sozinhas numa multidão.

Se olharmos para o lado somos um só corpo. Um corpo físico, social e político.

Tão explorado e desrespeitado como se dele não fôssemos parte e sim meras habitantes sem direito a escolha, ação, discordância…

Tantas vezes provocadas e levadas ao extremo da injustiça e da violência, para muito além do respeito pela dignidade humana tão afirmada em textos oficiais ao redor do mundo. Quem somos nós?

A nossa força tem levado à sustentação do mundo que temos: somos protagonistas, responsáveis pela economia, pela manutenção da sociedade em vários pontos: mas que poder de decisão nos é dado? Porque há tantos retrocessos que insistem em sucumbir à nossa subordinação ao patriarcado? Isso prova-nos que o nosso poder existe e abrange todas as interseccionalidades, pois a mulher é oprimida e tem os seus direitos cerceados nas mais variadas culturas, espaços geográficos, condições sociais, económicas, raciais. Não aceitamos a dominação machista e misógina a que estamos a ser constantemente submetidas ao longo dos tempos. Os nossos corpos já foram queimados, chicoteados, alvos das mais severas formas de crueldade, castigo com exibições vexatórias e obscenas sem nos deixarem falar para termos a oportunidade de nos defender.

A nossa cara e o nosso corpo e todo o nosso sofrimento não podem ser tratados como uma humilhação a ser encoberta: deve ser exposto, pois a vergonha e a condenação devem ser imputadas ao agressor/opressor e não à vítima. O rosto e o corpo da francesa Gisèle Pelicot devem ser o retrato da indignação acerca da violência sexual a que esta foi submetida. Abominável. Que Gisèle Pelicot nos represente, assim como o rosto e o corpo das mulheres portuguesas, palestinianas, congolesas, indianas, latinas, afegãs, meninas, mães, trans, não-binárias, trabalhadoras do sexo, deficientes, racializadas, submetidas a tantas formas de violência de género e a estupros coletivos, e tantas outras que nunca devem ser esquecidas e são aqui incluídas e abraçadas – TODAS MULHERES – que sofrem todos os tipos de violência física e mental devem ser representados com o intuito de combater e erradicar todo o tipo de violência contra a mulher: violência doméstica, financeira, psicológica, moral, sexual e social. Isto não pode existir.

No nosso corpo, objeto de decisões nas quais não somos incluídas para opinar ou deliberar acerca dos nossos destinos, saúde, políticas públicas, cabe-nos apenas aceitar as decisões a nós impostas e que na maioria das vezes não levam em conta as nossas necessidades, dificuldades e realidades e acabam por criar ainda mais lacunas para a equidade e a igualdade de género.

O aborto em Portugal, legalizado apenas em 2007, não segue a orientação da OMS acerca do tempo gestacional: no nosso país só é permitido à mulher realizar o aborto até 10 semanas e 6 dias de gestação, sendo que o recomendado pela OMS são 12 semanas, o que já é seguido por países da União Europeia. Portugal deve lutar por esta extensão das semanas e evitar danos ainda maiores: é pela vida das mulheres!

O aborto seguro é uma escolha única e exclusiva da mulher: não se decidirá por uma mulher. O direito de escolha e decisão a ela, apenas e tão só a ela, pertence. O controlo dos nossos corpos a nós pertence!

A autonomia do corpo feminino é uma luta mundial pela libertação das mulheres na busca pela igualdade de género. Os direitos sexuais e reprodutivos da mulher são primordiais para que se alcance justiça social e devem também ser respeitados durante a gravidez e o parto. O nosso corpo é o nosso lugar de fala e resistência, e não de violações, quer o corpo físico e quer o corpo político. A mercantilização do corpo feminino é a mercantilização da vida humana, onde as políticas e costumes sexistas ganham espaço ao promover mulheres como objetos em oferta, sempre disponíveis para serem melhores versões estéticas a serem consumidas e julgadas, não importando assim o nosso valor, a nossa inserção numa sociedade que sempre nos excluiu e alimentando a lógica de que os nossos direitos podem ser suprimidos e inexistentes. Nós não somos invisíveis.

O heteronormativismo serve a ditadura do patriarcado e não promove a luta feminista.

A nossa luta é do feminismo interseccional onde nenhuma de nós é excluída ou segregada: Se assim for, não estamos a lutar. Continuaremos o caminho percorrido por tantas feministas, que, como Maria Teresa, que partiu há algumas semanas, assim como as outras Marias e demais companheiras nesta luta, nos deixaram um legado de coragem e insubmissão. O MLM – Movimento de Libertação das Mulheres e a histórica manifestação frustrada pelo machismo em 13 de janeiro de 1975 não serão esquecidos. Assim prosseguiremos.

O reconhecimento dos corpos da mulher, físico e político é necessário para a nossa libertação, identidade e legitimação enquanto seres humanos plenamente capazes e dotados de direitos sem distinção. Somos um só corpo unido e aqui e em qualquer lugar reunido.

As mulheres são. Seremos unidas num só corpo!

Viseu, 18 de fevereiro
Plataforma Já Marchavas.

 
8 de março
 

Bar 4You
15h – Conversa com ativista palestiniana Shahd Wadi

Shahd Wadi é Palestiniana, entre outras possibilidades, mas a liberdade é sobretudo palestiniana. Procurou as suas resistências ao escrever a sua dissertação de Doutoramento em Estudos Feministas pela Universidade de Coimbra que serviu de base ao livro “Corpos na trouxa: histórias-artísticas-de-vida de mulheres palestinianas no exílio” (2017). Foi então seleccionada para a plataforma Best Young Researchers (ERD). Obteve o grau de mestre na mesma área pela mesma universidade com uma tese intitulada “Feminismos de corpos ocupados: as mulheres palestinianas entre duas resistências” (2010). Para os respectivos graus académicos, ambas as teses foram as primeiras no país na área dos Estudos Feministas. Na sua investigação aborda as narrativas artísticas no contexto da ocupação israelita da Palestina e considera as artes um testemunho de vidas. Também da sua.

Mercado 2 de Maio
17h30 – Concentração: Leitura do Manifesto

Bar 4You
22h – ManiFesta (com Ramen Rave)

DJ multifacetada. Set eclético: drum and bass, 2-step, ambient techno, acid jazz, house, r&b, hip hop, soul, …, – não há espaço para estar parado. Das pistas mais underground aos festivais internacionais, Ramen Rave deixa uma marca nos lugares por onde passa. O seu nome é sussurrado nas ruas e a sua reputação cresce como uma lenda urbana.

(em atualização)

ORGANIZAÇÕES
Associação ILGA Portugal
Associação Olho Vivo – Núcleo de Viseu
Bloco de Esquerda
Coletivo Feminista de Sintra
Grupo Performativo Re:Star’t
LIVRE
Observatório Violência Obstétrica
Opus Diversidades
PAN
Panteras Rosa
Pela Igualdade
PolyPortugal
Queer Tropical
SOS Racismo
UMAR Viseu

EM NOME INDIVIDUAL
Beatriz Silva
Taís Loureiro Santos
Ricardo Isaías
Tiago Resende
Lou Loução
Célia Rodrigues
Marta Pereira
Maria Estudante
David Santos
Maria Gil
Joana Bigotte
Wilson da Costa Santos
Sara Ferreira
Rita loureiro
Wilson Santos
Mariana Silva
André Fiúza
Ana Bárbara
Catarina Vieira e Castro
Sara Matos
Liliana
Filipa Dias
Patrícia Silva
Manuela Antunes
Carolina Pia
Carolina Aguiar
Pedro de Aires
Carlos Motaco
Carlos Alberto Matias do Couto
Ana Patricia Viegas Calretas
Ariane
Francisca Martins Reina
Joana Pereira
Tiago Ferreira
Diana
Helder Bértolo
Maria da Graça Marques Pinto
Liliana
Joana Pereira
Tânia Santos
Elsa Batista
Beatriz Pires
Filipe Soares
Micael de Almeida
Liliana
Carla
Juliana Novaes
Gerald Sousa Mendes
Jose Filho
Maria Elisa Fraga
Ana Vargas
Carlos Anciaes
Daniela Dias
Ricardo Cálix
Cláudia Araújo Teixeira
Catarina
Cristina
João Pinheiro
Ana Vaz
Patricia Cardoso
Andreia Azevedo
Joao Aquilino

2018 – 2025 : Plataforma Já Marchavas – marchaviseu@gmail.com