Comunicado
Antes de terminar 2020, a Plataforma Já Marchavas considera necessário clarificar alguns dos últimos acontecimentos.
Somos um movimento de cidadãs e cidadãos e de coletivos unidos na luta feminista, LGBTI+, antirracista, antifascista, ecologista e que promove a democracia, a inclusão e a participação.
Todas as reuniões, oficinas de trabalho e eventos são abertos a todas e a todos que neles queiram participar independentemente da sua ideologia ou filiação político-partidária, da sua idade, do seu credo, da sua orientação sexual, identidade ou expressão de género e características sexuais, da sua classe social, habilitações ou da sua profissão ou mesmo da existência de diversidade funcional.
Todas as pessoas contam, pois o que importa no final é a vontade de fazer a diferença!
Ser ativista exige paixão e dedicação. São as causas que nos movem. São as injustiças que nos fazem sair do conforto das nossas casas e passar horas, dias ou noites se preciso for a trabalhar em prol de algo que nos deveria incomodar a todos e a todas!
2020 ficará eternamente marcado como o ano da pandemia, o ano do distanciamento físico, o ano do recolher obrigatório, o ano da falta de afetos, o ano da solidão, o ano do medo…
Porém, nós temos medo de ter medo e por isso mesmo assim continuamos a “marchar”. Sim, em 2020 ainda é preciso marchar contra o racismo, contra a xenofobia, contra o fascismo, contra a violência sobre as mulheres, contra a homofobia, contra a transfobia, etc…
Chegados aqui, é imperativo fazer uma reflexão sobre a atuação da Câmara Municipal de Viseu no que à celebração e defesa dos Direitos Humanos diz respeito bem como à reiterada desvalorização do trabalho desta Plataforma.
Tal como em momentos anteriores, a Plataforma decidiu este ano homenagear as mulheres assassinadas vítimas de violência doméstica no dia 25 de Novembro (Dia Internacional Pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres), assim como no dia 10 de Dezembro assinalar o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Como é apanágio da Plataforma, todos os procedimentos necessários à realização das referidas atividades foram cumpridos junto do executivo autárquico. Apesar de não ser da nossa responsabilidade as forças de segurança foram também devidamente notificadas e informadas, e aproveitamos para agradecer e enaltecer a presença e cooperação das mesmas desde o primeiro momento.
Nunca obtivemos uma resposta (positiva ou negativa) por parte do Município, atitude que já se tornou costumeira e que já não nos causa surpresa.
No dia 25 de novembro às 18h foi colocada no Rossio uma instalação denominada de “O Estendal”. A mesma foi retirada por funcionários da CMV na manhã do dia 26 sem qualquer comunicação prévia, não nos permitindo cumprir os 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres.
Do mesmo modo, no dia 10 de dezembro, esta Plataforma reuniu-se no mesmo local colocando outra instalação artística à semelhança do que decorreu no dia 25 de novembro como forma de assinalar o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A mesma foi retirada pela CMV no próprio dia!
Isso ocorre, apesar de, durante a colocação da instalação, os elementos da Plataforma que lá se encontravam terem sido abordados por uma funcionária da Câmara Municipal de Viseu, com o intuito de confirmar o envio do aviso da ação, bem como quando seria removida a instalação. Tendo quem estava presente, feito prova do envio do aviso e informado, conforme consta no mesmo, que a instalação seria removida no prazo de 24 horas, a funcionária retirou-se em nada se opondo.
Não é nossa intenção colocar em causa a legitimidade da atuação do município, queremos antes compreender o porquê de não sermos dignos de uma resposta, de diálogo e de cooperação.
Independentemente das questões legais e das suas interpretações, o mesmo demonstra desrespeito, manifesta má-fé e inflexibilidade desajustada.
Entendemos que a defesa dos direitos das mulheres assim como de todos os direitos humanos não deveriam conhecer cor política numa sociedade que se afirma como inclusiva e numa cidade considerada como a “melhor cidade para ser feliz” ou “para viver”.
Apesar de tudo isto, a Plataforma continua disponível para dialogar, tendo mais uma vez solicitado uma audiência com o Sr. Presidente da Câmara, Dr. Almeida Henriques para a qual ainda aguarda uma resposta.
Terminamos, com a esperança de sermos encarados como aliados na construção de uma comunidade sensibilizada para as questões sociais, humanas e ambientais e não como um movimento perturbador da ordem pública.
A Plataforma Já Marchavas.