Em 2014, no Dia Internacional da Mulher, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu que o direito das mulheres à higiene menstrual é uma questão de saúde pública mundial e de direitos humanos, no entanto continuamos a registar um número demasiado elevado de mulheres que, pelo mundo, em período menstrual prejudicam a escolaridade, atividade laboral e diversas atividades quotidianas por não terem condições financeiras para suportar os encargos associados aos absorventes femininos ou por estigmas associados a este período!
O período menstrual continua a ser um tabu e a menstruação continua a confundir até as mentes mais despertas.
A menstruação continua a ser estigmatizada, promovendo vergonha e nojo de um processo biológico desejável, normalizando a dor e patologias associadas ao sistema de reprodução feminino e contribuindo mais uma vez para as tantas formas de dificultar a ocupação do espaço social pelas mulheres.
São muitos e diversos os constrangimentos sociais impostos a crianças e adultas, desde serem mantidas em isolamentos sem quaisquer condições que se tornam tantas vezes fatais, à obrigação de desistência da escola, à obrigação do casamento, até situações muito menos complexas, mas com bases igualmente ignóbeis como recomendações populares de não realizar certas tarefas durante o período que se menstrua.
Os produtos de higiene menstrual continuam a não ser gratuitos em Portugal, e a ser tratados como produtos de luxo em mais de metade dos estados membros da CE.
No entanto, em Portugal a diferença salarial é de cerca de 16. 7%, sem contar com prémios e comissões, com os quais a discrepância sobre drasticamente. As mulheres têm mais empregos precários e apresentam maior risco de pobreza. São as que, tendencialmente cuidam das pessoas próximas com necessidades de cuidados permanentes, abdicando muitas vezes de um plano pessoal lucrativo por um emprego que ainda não é valorizado como tal.
É impossível a defesa de uma igualdade entre mulheres e homens, quando é cobrado ao sexo que, devido a ideias preconcebidas, já se encontra tendencialmente em situações financeiras mais vulneráveis, uma taxa mensal sobre o que lhe é intrínseco e natural.
Continuamos a ter imensas/os menstruantes sem acesso a saneamento básico, aos absorventes menstruais e a informação!
Não deixamos de relembrar que além da entrega gratuita de produtos de higiene menstrual (à semelhança do que ocorre com os contraceptivos) é cada vez mais importante que os produtos facultados sejam reutilizáveis ou biodegradáveis (garantindo primeiramente a higiene da/o menstruante) e que seja promovido o acesso a produtos com menor impacto pela população geral.